917 Diaries

by Fernanda Brandao

Wednesday

24

July 2013

Entrevista: Alessandra Affonso Ferreira – Isolda

Written by , Posted in DESIGN, FASHION, FOOD, INTERVIEWS, LIFESTYLE, TRAVEL

Ela é brasileira de mãe inglesa, já morou no Brasil, em Londres e hoje mora em NY. É ultra talentosa e uma simpatia de pessoa. Essa é a Alessandra Affonso Ferreira, dona da marca anglo-brasileira Isolda, juntamente com sua irmã Juliana e a sócia e amiga de infância, Maya Pope.

A Alessandra é a pessoa responsável pela criação dos desenhos que mais tarde se tornarão as belíssimas estampas da Isolda. Ela pinta à mão as aquarelas com suas inspirações e as envia para Maya para que elas sejam digitalizadas e traduzidas para os tecidos que serão desenvolvidos para a marca. A Juliana, então, cuida do marketing e vendas da Isolda.

Detalhe interessante e ultra internacional: Alessandra – conforme mencionei acima – mora em NY, Maya em Madri e Juliana em São Paulo. E viva o santo Skype!

Encontrei com a Alessandra para bater um papo e saber mais sobre o universo da marca, suas inspirações e, claro, sua ligação com NY e como isso tem influenciado a Isolda. O resultado? Um jantar leve, com trocas de figurinha sobre a vida aqui na cidade e, claro, a nossa entrevista para o 917Diaries para vocês conhecerem um pouco mais sobre a marca e a pessoa por trás da criação da Isolda .

Ale, obrigada por sua atenção e que venha ainda muito mais sucesso para vocês!

 

Como você acha que essas suas mudanças geográficas influenciaram a sua criatividade e os processos de criação pré-Isolda? Como foi esse desenvolvimento?

Durante um período de seis anos, fui muito aos mercados de antiguidades e jóias vitorianas em Londres, pois não existia tantos mercados como esses de lá. Eu tirava muita inspiração desses mercados e foi o inicio de tudo, pois comecei a fazer as jóias bem antes das roupas. Eu vi muita coisa interessante e diferente, principalmente os berloques. Inclusive, as jóias começaram com essa história dos berloques, que eram berloques antigos da minha mãe. E quando eu ia para os mercados, eu comprava um monte de berloques também. E os temas e motivos eram muito legais e criativos. Era presente que alguém da família deu pra não-sei-quem, muita história com dedicatórias e datas. Hoje isso já não existe mais, pois eu acho mais legal fazer uma coisa bem feita do que tentar fazer um monte de coisa ao mesmo tempo, e o meu foco está nas roupas.

Como foi que tudo começou para a marca Isolda? Você sempre soube que queria ter sua marca?

Então, começou em Londres. Fui estudar tecidos na Inglaterra e a minha irmã foi morar comigo. A gente estava sempre brincando de fazer photoshoot e “brincar de moda”, ai  eu pedi a Maya (que é designer gráfica e estava morando em Londres também) para desenvolver o logo e nunca mais paramos. Eu estudei tecido na Chelsea College of Arts e o primeiro trabalho, a nossa primeira coleção, foi o meu trabalho de conclusão.

E quando você foi fazer o curso, você já sabia que queria tecelagem?

Na verdade eu estudei arquitetura no Brasil, mas eu sempre quis fazer moda, então na metade do curso de arquitetura eu já estava odiando, nem queria terminar. Mas fiquei até o final e depois que me formei fui para a Inglaterra estudar moda. Fui estudar moda, pois achava que era o que eu queria, e ai descobri que era tecido.  Lá na Inglaterra eles chamam de Foundation – uma iniciação as artes, um curso base – que eu achava que era moda. Só depois de iniciado que me toquei que o que eu queria era tecido, pois eu gostava muito mais dos detalhes, das cores, das texturas e nem tanto assim da silhueta.

 Futuras estampas em aquarela

 

Como foram os próximos passos depois dessa apresentação de conclusão de curso?

A minha irmã tinha trabalhado na Vogue e a Daniela Falcão (editora da Vogue Brasil) viu as criações na página da minha irmã e quis saber mais informações e, a partir dali, tudo foi evoluindo. O primeiro evento foi na casa da minha prima em são Paulo, a gente fez um private view, depois fizemos o próximo com um desfile no Emiliano com a presença da Constança Pascolato e as coisas foram acontecendo.

Como suas raízes e cultura influenciaram na criação e desenvolvimento das estampas da Isolda?

Apesar da minha mãe ser inglesa, sempre tive essa coisa de crescer em casa, de gostar das coisas brasileiras. Eu sempre amei Caju. Caju, para mim, é a coisa mais legal e chique que tem. Sempre tive essa ligação, e toda vez que eu via algo com caju eu queria. Quando era criança, sempre procurava coisas com motivos brasileiros quando ia com minha mãe comprar roupa, e era difícil de achar.  Sempre gostei disso, então o caju e a goiaba, que são coisas coloridas e brasileiras, foram escolhas óbvias para mim.

Duda Maia e Miroslava Duma usam a estampa de caju

 

As frutas, flores e os frutos do mar estarão presentes no verão 2014. E como está sendo o processo de inspiração para a próxima coleção?

Já tentei desenhar outras coisas, mas sempre acaba voltando para o Brasil.  Quando você mora fora, você vê muitas coisas bonitas, e eu já fiz desenhos que as refletem, mas nunca acho que é tão exótico. Quanto à próxima coleção, tem que esperar até outubro, senão fica muito óbvio (risos). Mas tenho pensado em uma influência masculina e em cores mais maduras. Sempre tem essas coisas geométricas, frutas orgânicas, flores, a pegada sofisticada e elegante.. Eu estava com uma idéia de tentar dar uma quebrada nisso e ser surrealista, mas eu gosto mesmo é de contar essa historia, criando esses personagens e temas. Uma coisa que é interessante é que, as vezes, você guarda algo porque não está dentro da história, e guardar para depois é complicado, porque depois passa. Então estou aprendendo isso; deu na telha, faz! Não se prenda a uma determinada historia.. essa historia poderá ficar até mais interessante se você não se limitar e seguir a paixão do momento. Até porque, depois você pensa.. “nossa, por que eu estava com essa obsessão por isso? Que maluquice”.  E ai passa. (risos).

Recentemente vocês apresentaram os colares…

Os colares fizeram parte de uma colaboração entre a Isolda e a Virzi+DeLuca da Marcella Virzi e da Betina de Luca. Ficaram super bonitos, foram especialmente feitos para serem vendidos no E-commerce Gallerist. Nós somos fãs desse trabalho  de colaboração entre designers e a idéia surgiu da Mariana e da Amanda (Gallerist) de juntar a gente para fazer isso e ficou muito legal, ficou muito bom. Inclusive, a gente vai para Paris agora e acho que vamos levar as bijouxs também. Vamos mostrar no showroom, principalmente porque essas peças complementam muito bem as roupas. Sem contar que a Betina e a Marcela são super legais de trabalhar, são o máximo, assim como a Mariana e a Amanda.

 Colares da colaboração entre a Isolda e a Virzi+DeLuca

 

Mudando um pouco para o lado pessoal aqui em NY. Como foi essa mudança para cá?

Na verdade, foi porque meu noivo veio trabalhar aqui, então eu vim para NY com ele. A gente morava em Londres e a outra opção era ir pra Alemanha e para lá não era tão interessante, apesar de que eu era super aberta a ir pra lá. Mas ele já tinha morado aqui, e NY é o seguinte; assim como a gente está se encontrando hoje, eu encontro com as meninas do e-commerce Moda Operandi, está todo mundo sempre aqui e também faz todo o sentindo para a marca. E eu consegui uma modelista aqui em NY que é incrível e que acrescentou muito ao nosso trabalho.

E como que está essa sua sensação em relação a vida em NY. O que é NY pra você.

Nossa, NY, para mim, é você estar em casa toda concentrada, no seu mundo e dai, as vezes, quando você sai na rua você lembra que o negocio está pulsando o tempo todo. Não para. E um negocio assim que você sente essa máquina que não pára, funcionando o dia inteiro.  As vezes você sai, e você ainda está meio lerda e, de repente, a cidade te mostra: “acorda minha filha!” (risos)

E quais são os seus lugares preferidos para frequentar na cidade?

Sempre tem um lugar legal para conhecer, mas tenho meus cantinhos preferidos. Eu adoro o Chelsea Market porque é do lado da minha casa, então eu vou lá comprar um no Manhattan Food Exchange onde eu adoro comprar frutas e tal. E ate para desenhar, por exemplo, quando eu quis carambolas para a coleção passada, eu fui lá achar a carambola.. Eu já comprei um monte de coisa exótica nesse mercado. Eu também adoro e  vou sempre ao Lobster Place.  Tem um mexicano em frente a minha casa chamado Tortilla Flats que eu vou sempre para comer arroz e feijão. Ah, tem a minha aula de ballet que comecei a frequentar recentemente e que eu estou amando que se chama Ballet Beautiful, lá no Soho. O site também é bem legal e tem fotos lindas da professora. Quanto as lojas, eu gosto da Bergdorf e da Jeffrey’s e adoro a Roundabout New & Resale Couture, que vende pecas vintage e de alta-costura. Já encontrei um vestido Chanel maravilhoso e outras coisinhas “super-achado.”

Onde você gosta de levar as pessoas que estão visitando a cidade? Algum lugar que você acha que não podem deixar de ir?

Sabe uma coisa que eu acho legal de fazer? Dar uma volta na ilha de barco. Tem o taxi que eu acho bem legal que dá essa volta. E bem turístico, mas é bom de fazer, pois te dá uma idéia legal de NY, você vê a estátua, as pontes.. Quanto aos restaurantes, eu amo restaurante japonês e adoro o Yasuda, porque ele é bem tradicional, e falam japonês. Também gosto do restaurante do Bowery Hotel e do Waverly Inn, que eu sei que é básico e todo mundo da moda vai, mas eu adoro.

 

Segue uma galeria de looks Isolda pelo mundo:

www.isoldalondon.com

 

1 Comment

  1. Rafaela

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